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Percorri às 14º estações da Via Dolorosa

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A Via Dolorosa ou Caminho da Cruz é o lugar mais sagrado da cristandade e inclui nove das 14 estações do calvário de Jesus. As cinco restantes ficam na basílica do Santo Sepulcro. Todas são marcadas por capelas ou igrejas para meditação e preces. Para os peregrinos, é a via sacra por excelência.

Queria ser capaz de imaginar, pelo menos um pouco, como alguém pôde fazer semelhante percurso, carregando uma pesada cruz nas costas, sem proferir uma queixa, uma reclamação. De seus lábios não se ouviu um suspiro ou palavra de rebelião contra Deus. Sofreu em silêncio, sem criticar os que o abandonaram ou o insultaram; seu crime fora pregar o amor, a generosidade e a bondade.

Comecei a percorrer o caminho extremamente compenetrado, concentrado-me nos detalhes. Pretendia retroceder mentalmente no tempo até quando tudo ocorreu, para melhor avaliar o sofrimento do homem que morreu pela humanidade. Passei pela rua do mercado árabe em direção ao portão São Estevão, onde a agonia de Jesus teve início. Detive-me na riqueza de sutilezas do local, fazendo uso da disciplina e percepção que treinara no aeroporto de Amsterdã.

1ª Estação

 Cheguei ao pátio interno do colégio Al Omariya, de onde avistei um minarete. Ambos estavam onde existiu a fortaleza de Antônia, construída por Herodes, em 36 a. C., em homenagem a Marco Antônio. O complexo foi destruído por Tito no ano 70 da era cristã. Ali, onde estava agora, Jesus foi julgado: “Então de Caifás conduziram Jesus ao Pretório” (João18:28). Na época, era um enorme quadrilátero com quatro grandes torres. A seção oeste de Antônia era coberta por um pátio (lihóstrotos, do grego pavimento), usado pelos legionários para treinamento e jogos. Tradicionalmente, acredita-se que o lugar do julgamento (Pretório) era o quartel-general da guarnição romana em Jerusalém; neste pátio, o procurador Pôncio Pilatos julgou e condenou Jesus: “Logo pela manhã entraram em conselho os principais sacerdotes com os anciões, escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos” (Marcos 15:1). Em aramaico, as referências a este local aparecem como Gábbatha, que equivale a “terreno elevado”.

Atualmente, na escola, há um jardim ao lado de uma quadra de basquete. Como era necessário atravessá-lo, dali para a segunda estação era preciso percorrer 63 passos. Sem aquele obstáculo, apenas 15 passos seriam o bastante.

2ª Estação

No mesmo pavimento anterior, ocorreu também o açoitamento, que precedia a crucificação, segundo historiadores. Para proceder a esse horrível castigo, despia-se o corpo do condenado, que era açoitado até que talhos de carne sangrentos pendessem dele. Depois, os soldados romanos apoderavam-se da pessoa, a fim de executarem a sentença da crucificação: “Pilatos, então, tomou Jesus e o mandou flagelar” (João 19:1); em seguida, “o entregou para ser condenado” (João 19:16). Os estudiosos consideram esta “a mais cruel e atroz das condenações à morte”. O sistema de punições judaico desconhecia esta pena tipicamente romana.

Entrei em uma igreja de portão marrom, desci seis degraus e atravessei um corredor ladeado por seis colunas ao todo, que dava em um pátio com uma laranjeira ao centro e coberto por uma vasta vegetação. De um lado dele, ficava a igreja da Flagelação, onde Jesus foi açoitado e recebeu a coroa de espinhos. Do lado oposto, a da Condenação, onde lhe deram a cruz que teria de carregar.

3ª Estação

Dobrei à esquerda e encontrei a terceira estação do lado externo de uma capela. Um relevo esculpido por Thaddeus Zielinsky mostrava Jesus caindo pela primeira vez, devido ao peso da cruz. Um portão azul separava os peregrinos da imagem. Este local pertencia aos católicos armênios. A essa altura, dera 252 passos.

4ª Estação

Foram mais 32 passos, em meio a um comércio que consistia de quatro lojas à esquerda e ambulantes árabes à direita, até a igreja católica armênia de Nossa Senhora das Dores, que assinalava o encontro da Virgem Maria com Jesus, evento omitido no Novo Testamento. Segundo a tradição, Maria postou-se à beira do caminho do Calvário para ver o filho passar e os cristãos ali recordam a dor de uma mãe. Desde a infância dele, ela já ouvia prognósticos incomuns: “Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: ‘Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para o levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição’” (Lucas 2:34). Sobre uma porta, havia uma escultura em relevo de Maria ajudando Jesus a carregar a cruz.

5ª Estação

Contei 34 passos, após três lojas à direita e quatro à esquerda; dobrei a esquina e vi uma placa de azulejo com a inscrição “Via Dolorosa”. Essa estação é marcada por uma capela franciscana, de porta marrom. Como Jesus dava sinais de estar sentindo muito o peso da cruz, Simão de Cirineu ajudou-o a carregá-la: “E como o conduzissem, constrangendo um cirineu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus” (Lucas 23:26). Ali, iniciava-se a subida para o Gólgota. Dez lojas à esquerda e 13 à direita, na maioria pontos de venda de antigüidades, e a subida tornava-se incômoda, apesar dos degraus para ajudar na tarefa. Isso sem contar que eu carregava uma cruz imaginária. Após vencer 109 passos, atingi a estação seguinte.

6ª Estação

Nela, o evento assinalado era aquele em que Verônica enxugou o rosto de Jesus para limpar a poeira, o suor e o sangue. De acordo com a tradição, a face de Jesus ficou impressa no pano. A igreja de Santa Verônica pertence às Pequenas Irmãs de Jesus e, provavelmente, situa-se onde era a casa de Verônica. O altar estava decorado com um memorah, candelabro de sete velas. A porta era de madeira, trançada com ferros pretos sob um arco trabalhado. Estava no meio da subida.

7ª Estação

Da estação anterior até esta, foram 93 passos, com oito lojas à esquerda, as duas últimas de comida. Alcançara o topo da subida, onde Jesus caiu pela segunda vez sob o peso da cruz. Atravessei a porta preta da capela símbolo do evento e fiquei admirando sua simplicidade. Não pude deixar de reparar nos dizeres de uma placa: “Quem pertencer a Jesus, não poderá trilhar em sua própria vida um caminho diferente daquele que o seu Mestre trilhou. Quem amar a Jesus, desejará segui-lo na senda da cruz.” Existia um pilar romano no qual estaria escrita a sentença de condenação à morte. Acredita-se que ali era o portão do Julgamento, pelo qual Jesus deixou a cidade rumo ao Gólgota. O corredor era tomado por um comércio fervilhante; seis passos depois, me vi livre do movimento alucinante.

8ª Estação

Foram 46 passos até a estação mais difícil de localizar, porque ficava isolada, do lado esquerdo da rua. Naquele ponto, Jesus consolou uma mulher de Jerusalém, que chorava: “Não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos” (Lucas 23:28). Encrustada na parede do monastério grego de São Charalambos, havia uma pedra com uma cruz latina e a inscrição: “Jesus é vitorioso.” Retornei à rua da sétima estação e dobrei à direita. Contei 126 passos, 21 lojas à esquerda e 24 à direita, onde se vendia jóias, brinquedos, doces e comidas. Virei novamente à direita, subi 26 degraus e dei outros dez passos até chegar a um convento de coptos. Mais 35 passos e, outra vez, à direita. Passei por sob um arco e, logo em seguida, tomei a esquerda.

9ª Estação

Foram 36 passos até a igreja dos coptos, onde Jesus caiu pela terceira vez. O local da queda é assinalado por uma coluna romana construída na porta da igreja. Dali, é possível avistar o sítio da crucificação. Entrei no templo por uma portinha lateral e dei em um quintal de pedras que transpus com 44 passos, até dar em outra porta, que levava a uma capela. Virei à direita e me embrenhei por um corredor estreito, que só podia ser transposto em fila indiana. Desci dez degraus e cheguei a outra capela. Doze passos adiante, saí por uma outra portinha que dava para um pátio. Mais 24 passos e estava na porta de entrada da basílica do Santo Sepulcro. As outras cinco estações ficavam dentro dela.

10ª Estação

O trajeto do  tribunal ao Gólgota foi misericordiosamente curto, “porque estava perto da cidade o lugar onde Jesus foi crucificado” (João 19-20), junto da estrada principal de acesso a Jerusalém por noroeste. Um peregrino de Bordéus, que visitou a cidade em 333 d. C., mencionou expressamente “a pequena colina do Gólgota, onde Nosso Senhor foi crucificado”. Uma escadinha de pedra, ainda no exterior da basílica, encaminhava até a capela do Despojamento, mas como estava fechada, tive de entrar na igreja e utilizar outra escada que saía no mesmo lugar. Ali, Jesus foi despido de suas roupas e “deram-lhe a beber vinho com mirra, ele, porém não tomou” (Marcos 15:23). Esse ato de misericórdia é referido repetidamente em outras circunstâncias, como, por exemplo, em um antigo escrito judeu: “Àquele que é conduzido para a morte dá-se a beber, num copo de vinho, um pouco de incenso para atordoá-lo…

11ª Estação

Aqui estava o que é conhecido como Calvário, cujos desdobramentos dividiam-se em duas capelas. A primeira equivalia à 11ª Estação, em que Jesus foi pregado à cruz: “Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda” (Lucas 23:33); “Jesus chegou ao chamado ‘Lugar da Caveira’, em hebraico ‘Gólgota’, onde o crucificaram” (João 19:17). Mosaicos magníficos decoravam o local onde ocorreu a crucificação do filho de Deus diante de sua mãe. A guarda, ali, pertencia aos católicos romanos.

12ª Estação

Na segunda capela, conta a tradição, Jesus morreu na cruz. Embora padecendo de um sofrimento atroz, intercedeu junto ao Pai pelos seus algozes: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34). Em seguida, “Jesus deu um grande grito: ‘Eli, Eli lama sabachtani?’, isto é: ‘Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?’… E Jesus, tornando a dar um grande grito, entregou o espírito” (Mateus 27:50). A cruz dele, ladeada pelas dos dois ladrões, foi fincada na rocha do Calvário.

13ª Estação

Desci as escadas, segui em frente e, logo na entrada da basílica do Santo Sepulcro, deparei-me com a estação onde Jesus foi retirado da cruz: “José de Arimatéia, membro do Conselho, homem bom e justo, indo procurar Pilatos, pediu o corpo de Jesus…” (Lucas 23:50-52). Um altar assinalava onde Maria recebeu o corpo do filho morto. Puseram-no, então, sobre a pedra da unção (consagração), onde foi preparado e untado com uma mistura de mirra, aloé e óleos aromáticos.

14ª Estação

O destino agora era a última e mais emocionante estação. A imponência me deixou estupefato. Aproximei-me da capela do Anjo, onde já estivera antes à noite com Denis e os outros, mas como visitante fortuito e não como peregrino, como fazia sozinho agora. Na entrada, três quadros retratavam Jesus ressuscitado. Na parte superior, a imagem dos católicos; no meio, a dos gregos ortodoxos; e na inferior, a dos armênios.. Ali o corpo de Jesus permanecera de Sexta-Feira Santa até o Domingo de Páscoa. Sua capela era o ponto central de toda a enorme basílica do Santo Sepulcro; a 14ª Estação situava-se sob a rotunda. Dali, fui à capela dos franciscanos, onde pude observar uma figura em baixo-relevo de Jesus saindo do sepulcro: “O anjo disse às mulheres: ‘Não vos espantais! Estais procurando Jesus de Nazaré, o crucificado. Ressuscitou, não esta aqui’” (Marcos 16:6).

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