Amsterdã foi uma das cidades em que mais me diverti durante os três meses de viagem. O astral estava lá em cima. Na noite em que reencontrei Maria Laura, fizemos uma resta de arromba na boate do albergue. Tocou música alemã, tirolesa, tango, lambada, valsa. A farra atraiu todo mundo — literalmente, tantas eram as nacionalidades dos foliões. Até um casal de idade, que há 50 anos viajava junto pelos cinco continentes, dançou à vontade.
Bebemos tanta cerveja que desconfiei que nossa festa iria mexer nas curvas do gráfico de produção das Indústrias Heineken. Passeamos bastante nos dois dias seguintes. Andamos de vaporeto pelos canais da cidade, saímos para dançar, visitamos Roterdã e Den Haag, cidades próximas de Amsterdã.
Leonardo decidiu seguir viagem junto comigo, enquanto fosse interessante para os dois. Maria Laura? Bem, tive uma amizade muito especial com Maria Laura. Caminhávamos o tempo todo de mãos dadas. Eu a abraçava em lugares que pareciam ser mais perigosos, com a desculpa de que era uma maneira de protegê-la. Quando tinha festa, éramos par constante. Nós nos divertimos muito juntos.
Mas nossa intimidade física não foi além das mãos dadas e dos beijinhos no rosto. Não que eu deixasse de confessar a ela toda a atração que sentia. Estava em plena paixão, caidaço por aquela gracinha argentina. Pedi beijos, disse que ela era especial, mostrei toda minha afeição e lhe dei muito carinho. Noite dessas, eu a abordei no quarto, na hora de dormir. “Não posso. Eu também acho você um cara especial, mas tenho namorado e não seria justo” evadiu-se. Paciência!
Não era o primeiro amor de viagem que não chegaria a se concretizar. Nem seria o último. Hoje penso que Maria Laura precisava de mais tempo. Só isso. Esse era o motivo para insistir tanto para que eu a acompanhasse até Berlim, próxima parada de sua viagem.
Eu já havia combinado tudo com Leonardo, que já tinha até providenciado os vistos para os países da Europa Oriental, e não estava disposto a mudar meus planos. Maria Laura foi uma grande perda. Uma figura especial. Nenhuma outra pessoa, nos 24 países por onde andei, chegou perto de ganhar a afeição que tive pela linda argentina. A melhor companhia de minha viagem. Animada, aventureira, com muito bom humor. Chorei na despedida.
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