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Trilha Inca: Wayllabamba – 1º dia

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O dia amanheceu fresco, com céu azul e de poucas nuvens. Eram 6h30 quando entrei no microônibus que nos levaria até o início da caminhada. Passamos em alguns hotéis para reunir as 19 pessoas que participariam da aventura. O guia chamava Gustavo Jove Guevedo, era razoavelmente baixo, trigueiro e com olhos levemente puxados, um representante típico da mistura do índio com o espanhol. O boné que usava lhe dava a aparência de garoto, acentuada pelo sorriso que não tirava do rosto.

Existiam duas maneiras de se chegar a Machu Picchu, que fica a 112 km de Cusco a 2.450m de altitude. Uma era enfrentar quatro horas de trem até Aguas Calientes, cidadezinha no pé da montanha onde está Machu Picchu. De lá, pegava-se um ônibus até o topo. A segunda foi a que escolhi, não pela conveniência, mas por permitir um contato mais verdadeiro com a cidade misteriosa. O caminho inca seria uma experiência de trekking, em meio à floresta, utilizando as mesmas trilhas que os habitantes daquele refúgio utilizavam.

O ônibus deixou-nos no km 76 da estrada que liga Cusco a Aguas Calientes, em Chilca. Fôramos instruídos a levar pouca bagagem, porque tudo teria que ser carregado nas costas. Apenas as barracas e a comida eram responsabilidade da equipe de apoio. De resto, todos levariam seu sleeping bag, roupas, artigos para higiene pessoal e reforço alimentar. É proibido dormir dentro dos monumentos arqueológicos e fazer qualquer tipo de depreciação, como tirar peças, gravar o nome ou coisas do gênero.

Fomos alertados sobre o soroche é um mal que acomete algumas pessoas quando expostas à altitude elevada, por causa da baixa pressão de oxigênio. Sentir enjoos, dores de cabeça e vomitar, não é grave, mas precisa de medicação imediata. Para evitar faça refeições leves, sem exagerar na quantidade, e tomem mate de coca, que alivia este efeito. Chupar limão ou bala de limão evita a desidratação. Descanse o máximo que puderem.

A fase de preparação durou meia hora e começamos ali um processo de solidariedade que seria muito útil nos próximos quatro dias. Não tinha ideia do quanto precisaria dos outros. O guia mostrou um ponto no mapa e informou que na primeira fase, iriamos acompanhar o pé da montanha. Não tem como errar. Existe uma sinalização de padrão internacional que dá informações a respeito de aspectos climáticos, distâncias e serviços nas diversas fases do caminho. Devemos nos encontrar numa casa de pedra que é um centro arqueológico chamado Llaqtapata, onde vamos parar para almoçar.

Olhei ao redor e vi que meus companheiros de jornada vinham dos mais diferentes pontos do mundo. Como eu, haviam recebido uma espécie de “chamado” a princípio inexplicável que os empurrara rumo a Machu Picchu. Todos pareciam conscientes da grandiosidade do momento que estava por vir: vencer o difícil caminho inca e chegar, enfim, à cidade sagrada, fonte de energia em estado puro. Não era como num grupo de excursão tradicional. Cada um faria seu ritmo e o do guia era rápido. Não era difícil seguir o caminho: a picada aberta no pé da montanha tinha traçado óbvio. Qualquer dúvida, era só acompanhar a margem das águas inquietas do rio Urubamba. A vegetação era densa e menos seca do que eu esperava. Cactos dominavam a paisagem. O dia agradável contribuía para aumentar o prazer do contato direto com a natureza. O chão pedregoso castigava os pés, mas àquela altura ainda não sentia os efeitos.

Tudo era desconhecido. Embora a paisagem natural fosse exuberante, não parecia disposta a fazer concessões aos habitantes urbanos que nela se arriscavam pela primeira vez. O sol castigava e nós andávamos. Andamos muito, em passo razoável, mas andamos muito. Cerca de quatro horas depois, havíamos vencido seis quilômetros. Assim que atravessamos um bosque de eucaliptos, avistamos Llaqtapata, um vilarejo com cem casas de tipos variados. Uma placa anunciava: altitude 2.498m. Havia uma praça central, em forma de trapézio, e dois edifícios em estágio avançado de deterioração. Fora construído aproveitando o declive do terreno para favorecer os trabalhadores agrícolas.

Logo em seguida, vi parte do grupo já esparramado pelas sombras escassas, esperando a hora de comer. Os cozinheiros trabalhavam animados, falando apressados uns com os outros, enquanto mexiam a comida em panelas largas. O cheiro era forte demais, mas não havia opção. De entrada, sopa de legumes, grossa e temperada; depois, a pièce de résistance: rodelas de abacate, recobertas de atum, acompanhadas de tomate e pepino crus, e um pedaço de pão. A sobremesa era uma laranja. Tomamos chá de mate de coca, já nos preparando para a subida. O almoço durou uma hora.

Agora, o destino é Wayllabamba, onde vamos acampar à noite. Preparei os casacos, pois daqui para a frente deve esfriar. Wayllabamba fica a dois mil, setecentos e setenta e dois metros.

Assim que deixamos Llaqtapata, havia uma subida forte, embora pequena. Após vencê-la, continuamos o caminho, acompanhando o rio Kusichaca. Por volta de 17h, eu estava virtualmente acabado. Exagerara na roupa de frio e tive que carregá-la no corpo mesmo quando o calor castigava. Além disso, comi pouco, e por não ter passado uma noite tranqüila, fiquei debilitado e com uma aparência horrível.

A subida foi difícil! Era outra hora inteira de pedras e de uma montanha bastante íngreme. Começava a anoitecer e a nossa preocupação era chegar logo ao acampamento. Sem conhecer a região, seria suicídio tentar prosseguir à noite. Mal acreditei quando avistei os companheiros de jornada.

Wayllabamba era o único povoado no caminho, com algumas construções antigas: aquedutos do tempo dos incas.. Depois de andar dez horas a pé, os músculos estavam em frangalhos. Só restava a expectativa do jantar. Esperava que superasse o almoço. Desta vez, o cardápio agradou ao meu paladar. De novo, serviram sopa de legumes como entrada. Na temperatura fria, caiu melhor do que no almoço. Depois, veio um frango cozido com batatas, acompanhado de arroz.

Entrei na barraca e me deparei com uma situação desagradável. Tive que tirar as botas e as meias para dormir. Depois de andar 16 km e ficar o dia inteiro com elas sem tomar banho, dá para imaginar a qualidade do odor que logo se espalhou no pequeno recinto.

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